domingo, 13 de septiembre de 2015

Distancias





Nunca morei longe do meu país.
Entretanto padeço de lonjuras.
Desde criança minha mãe portava essa doença.
Ela que me transmitiu.
Depois meu pai foi trabalhar num lugar que dava
essa doença nas pessoas.
Era um lugar sem nome nem vizinhos.
Diziam que ali era a unha do dedão do pé do fim
do mundo.
A gente crescia sem ter outra casa ao lado.
No lugar só constavam pássaros, árvores, o rio e
os seus peixes.
Havia cabalos sem freios dentro dos matos cheios
de borboletas nas costas.
O resto era só distância.
A distância seria uma coisa vazia que a gente
portava no olho
E que me pai chamava exílio.

                   Manoel de Barros, Ensaios fotográficos

lunes, 7 de septiembre de 2015

Vuelo



Hay momentos en un vuelo en que todo se llena de calma. El avión no  se mueve, avanza flotando leve en el vacío ingrávido del cielo, en esa abstracción de nubes y azul. Entra la luz brillante por las ventanillas, y dentro todo está casi quieto, en paz. El llanto intermitente de un niño y su voz quejándose, los ruidos de los pasajeros, quedan lejos, son solo un fondo suave, un colchón. Yo cierro los ojos y me adormezco. Sin miedo a nada. Unos instantes.